sexta-feira, 22 de maio de 2015

Quem Somos Nós? Quantum Edition





Filme: Quem Somos Nós
Diretor: Betsy Chasse , Mark Vicente , William Arntz
Elenco: Barry Newman , Elaine Hendrix , Marlee Matlin Robert Bailey Jr.
Gênero: Documentário
Duração: 108 minutos


Sínopse: Amanda, a protagonista, é interpretada por Marlee Matlin, que se vê numa fantástica experiência ao estilo de 'Alice no País das Maravilhas', quando sua vida cotidiana, tão carente de inspiração, literalmente começa a desenredar-se, revelando o mundo incerto de valores ocultos, encobertos por uma realidade alarmante, que a maioria de nós considera normal.

Amanda é literalmente lançada em direção a um redemoinho de acontecimentos caóticos, enquanto os personagens que encontra durante esta odisséia revelam um conhecimento mais profundo e oculto, que ela jamais percebera querer saber.





Assim como toda heroína, Amanda é mergulhada numa crise, passando a questionar as premissas fundamentais de sua vida - e percebe que a realidade na qual sempre acreditou, principalmente em relação aos homens, os relacionamentos com outras pessoas, ou, ainda, a maneira como seus sentimentos afetam seu trabalho, não faz parte, de fato, da vida real!!

À medida que Amanda aprende a relaxar vivendo essa experiência, ela se torna capaz de dominar seus temores, adquire sabedoria e conquista a chave dos segredos de todas as idades, tudo isso, de uma forma muito divertida. A partir daí, ela já não é mais uma vítima das circunstâncias, mas está a caminho de ser a grande força criativa de sua própria vida, que, por sinal, jamais voltará a ser a mesma.


 
Os quatorze cientistas e místicos entrevistados ao longo do módulo do documentário representam uma espécie de 'Coral Grego' dos tempos modernos. Numa cena artística de dança, suas idéias são entremeadas, como se estivessem tecendo um tapete, usando a verdade como o fio da trama. Os pensamentos e as palavras de um dos membros do coral se misturam aos daquele que vem a seguir, acrescentando uma ênfase maior ao conceito intrínseco no filme, que se baseia na interligação de todas as coisas.

Os membros do coral atuam como se fossem anfitriões que vivem do lado de fora da história, e, a partir desta visão Olímpica, manifestam seus comentários a respeito das atitudes dos personagens que iremos descrever a seguir. Eles também estão ali para apresentar as 'Grandes Questões' levantadas, tanto pela ciência, quanto pela religião, que dividem o filme em uma série de atos. Conforme o filme transcorre, a distinção entre a ciência e a religião passa a ficar cada vez mais embaralhada, já que nos damos conta de que tanto a ciência, quanto a religião, na verdade, são parte de um único fenômeno.

O filme utiliza a animação para transmitir a intensidade do conhecimento radical que os avanços da ciência vêm revelando durante os últimos anos. Seqüências poderosas em cinematic exploram o funcionamento interno do cérebro humano. Uma animação de natureza peculiar nos apresenta à menor fração de consciência existente em nosso corpo, a célula. Efeitos visuais deslumbrantes reforçam a mensagem central do filme, de uma forma contundente e poderosa.






Feitas com muito humor, precisão e irreverência, estas cenas são apenas uma pequena parte daquilo que torna esse filme tão ímpar no contexto da história do cinema, fator que certamente fez dele um verdadeiro campeão de bilheterias.

O filme "Quem somos nós" faz uma aproximação entre física quântica e metafisica, pensando as possibilidades da realidade e as conseqüências das novas descobertas científicas para questões existenciais.

Chama a atenção o fato de a física recente lançar questionamentos da ordem do real, reconhecendo a contingência e o grande papel das possibilidades. De fato, o estudo das partículas sub-atômicas aponta para o paradoxo espaço-temporal de um mesmo objeto estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Passando da ordem sub-atômica para uma realidade mais abrangente, perguntamo-nos o quanto há de contingente mesmo nas possibilidades da vida.

Outro fator relevante levantado pelo documentário é a importância do observador. Enquanto um átomo não é observado, ele é um feixe de possibilidades, mas quando há um observador, ele assume apenas uma forma. A realidade não é, portanto um dado puramente externo, como pensava a física clássica, mas uma construção do sujeito, como já apontavam os filósofos da mente.

Assim, questionamos também uma visão determinista ou fatalista da vida, e, com argumentos da própria ciência, aproximamo-nos do existencialismo que devolve ao homem a possibilidade de dar forma à sua vida através da sua liberdade ontológica. O ser humano, enquanto sujeito, é o grande ator e responsável pelo que ocorre a ele mesmo.

Do ponto de vista religioso, a constatação da constante interação entre tudo o que existe, seja no nível das partículas sub-atômicas, seja no nível da interligação dos eventos, pode dar uma certa sustentação à espiritualidade. No filme, essa religiosidade aproxima-se do zen-budismo e, às vezes, beira ao panteísmo. Mas o importante é demonstrar que a existência de Deus não precisa ser necessariamente um perigo para a razão, podendo até mesmo beneficiar essa visão globalizadora.





Além da física, o filme discute a neurociência e a biologia humana, mostrando como para o corpo, não há diferença entre um experiência real e um sonho ou fantasia. Ou ainda como podemos nos acostumar com a realidade tal qual a experimentamos uma primeira vez, dificultando novos níveis de compreensão e vivência. Uma nova experiência pode ser tão desconcertante que escapa aos sentidos imediatos.

As sensações, além disso, causam uma descarga de hormônios, enzimas, ligações neurais que são assimiladas pelo corpo/cérebro. Quanto mais nos expomos a algumas situações, mais nosso corpo se adapta a elas e nos tornam "viciados" nelas. O mesmo ocorre quando evitamos outras experiências, às quais nosso corpo toma-se menos apto. Daí a importância dos sentimentos: as palavras e o pensamento têm um poder real sobre os acontecimentos e sobre nós mesmos.

Percebermos como esse processo de relacionamento com tudo e todos que nos cercam vai se inscrevendo no nosso corpo e como esse mesmo corpo vai se moldando às novas histórias e às mudanças incessantes às quais estamos submetidos.



Quem não dialoga com o próprio corpo se sente à deriva, sucumbe na crise do afastamento. Buscar uma forma sem questionar é ignorar que o corpo é um manancial de conhecimento. Ele nos dá a direção na vida.


É um filme interessante não só pela curiosidade como pela interdisciplinaridade. Os especialistas podem considerá-lo até um pouco superficial, mas ele atinge o objetivo: populariza a física quântica e a filosofia, faz refletir sobre nosso papel no mundo e ajuda-nos a nos conhecermos melhor.

"Quem Somos Nós?" ganhou diversos Prêmios internacionais, entre eles:              

Ashland Independent Film Festival — Melhor Documentário DCIFF — DC Independent Film Festival — Premio de documentário do Grande Júri - Maui Film Festival — Audience Choice Award — Melhor Documentário Híbrido - Houston World Fest — Prêmio Platinum Remi Sedona International Film Festival — Prêmio da escolha da audiência, filme mais provocante - Pigasus Award — tomada de Midia que tem mais estranho efeito paranormal.

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